sábado, 27 de junho de 2009

Jornalistas por formação

Mexeram com a gente! O Supremo Tribunal Federal decidiu pela não obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão. Por 8 votos a 1, os ministros derrubaram a exigência do diploma de jornalismo. Agora, para ser jornalista, não é mais necessário passar por um processo educativo oferecido por uma universidade.

A não obrigatoriedade do diploma de jornalista, não favoreceu o incentivo à qualificação profissional para exercer a profissão. Achei uma decisão bastante arbitrária. Mudando diretamente os rumos de toda uma categoria sem ao menos consultá-la.


Além da graduação, nós, estudantes de jornalismo, procuramos uma especialização na área, devido à competitividade e pelo mercado ser bastante segmentado. A medida tomada foi contra a maré das tendências de que um bom profissional deve sempre se atualizar e se qualificar por meio de cursos profissionalizantes.

Então, sem a necessidade de se ter um diploma para se tornar um jornalista, agora apenas à vontade de querer ser um basta? Não. Isso não é o suficiente.

Essa semana me deparei com um blog de uma jornalista recém-formada a favor da decisão do STF. Ela argumentava que alguém pode ter o diploma de jornalista e não ter nenhum tino para profissão e não ser um bom jornalista. Para ela, o que define um jornalista é a vontade de ser um jornalista.

Aproveito a oportunidade para dizer que tenho muita VONTADE de ser uma astronauta e ir para a lua!

A defesa que Gilmar Mendes fez durante o processo é questionável. Ele utilizou exemplos ruins e fez comparações infelizes. “Um excelente chefe de cozinha certamente poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima o Estado a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área. Certamente, o poder público não pode restringir dessa forma a liberdade profissional no âmbito da culinária, e disso ninguém tem dúvida, o que não afasta, porém, a possibilidade do exercício abusivo e antiético dessa profissão, com riscos à saúde e à vida dos consumidores”, afirmou. Os ministros afirmaram que há um excesso de regulamentação das profissões.

Portanto, o que vimos a partir dessa declaração, foi à utilização de comparações por juízo de valor, não respeitando às particularidades de cada profissão e nem a prioridade de um estudo para suas respectivas realizações.

É obvio que todo profissional almeja ter sua profissão regulamentada. Associações, sindicados, ordens e conselhos estão aí pra isso. Pela luta em defesa da profissão. Nesse momento, perdemos o que já conseguimos, ficando claro que andamos para trás com a nova medida tomada.

Já profissionais de vanguarda, que não tinham o diploma de jornalista ficaram felizes com a decisão, como foi o caso do jornalista e escritor, Carlos Heitor Cony. Segundo ele, agora ele se sente mais confortável e de igual pra igual com seus colegas de profissão que tem diploma. Porém, esse é um caso incontestável, ele tem anos de experiência e vem de uma época em que a formação acadêmica não fazia tanta diferença porque era precária no Brasil.

Por falar em ensino, já é bastante questionável cursar em uma universidade medíocre, que só visa o lucro ao invés da educação. E agora, que se pode exercer a profissão sem ensino algum, o que se pode esperar do jornalismo?

Tento pensar no futuro da profissão. E me vem um breve questionamento na cabeça, algo objetivo e tenebroso. Onde será que esse novo jornalista, que irá trabalhar em uma redação sem nunca ter sentado em uma cadeira de universidade, vai aprender sobre ética jornalística? Provavelmente buscando no Google.

Todavia, com a democratização da Internet, ficou fácil para qualquer pessoa propagar uma notícia pelo twitter, blogs ou sites como youtube, por exemplo. Mas isso não significa necessariamente que elas sejam jornalistas. São contribuintes para propagação de notícias e podem auxiliar na informação pública. A profissão de jornalista é, de fato, algo muito mais abrangente. Existe ciência, ética e técnicas na comunicação, que são vistas em cinco anos de curso, além das especializações e de toda uma vida de prática. Uma apuração equivocada dos fatos pode sim causar um grande problema.

Pessoas que utilizam a Internet como ferramenta para divulgação de suas verdades, vão continuar com sua liberdade de expressão, independente de se ter diploma ou não. Mas de quem são as verdades confiáveis? Em qual notícia você confiaria, de alguém que colocou uma notícia em sua página pessoal ou a de um veículo de comunicação conceituado?

A decisão definitivamente não trouxe nenhum benefício. A não ser para um grupo limitado que reporta sem ter o diploma. Para a categoria em geral não ocorreu melhoria. Estabelecer isso como regra empobrece a nossa profissão.

domingo, 7 de junho de 2009

Breve questionamento

De vez em quando a gente tem que reconhecer que o mundo fica chato. Que as coisas ficam um saco mesmo.
Porque a gente cresce o tempo inteiro com essa história de que os melhores estão sempre alegres e não se abalam com as adversidades da vida. Resignam-se, suportam tudo. Que as pessoas admiráveis não choram e não sofrem de melancolia. Todos querem ser de rocha, mas até os guerreiros surtam um dia. E que se exploda essa históra. Que a gente se permita surtar, para então não enlouquecer.